Pipocas Maná fazem sucesso nas redes sociais e atraem cariocas que procuram por variedade na hora de consumir produto
- Maria Eduarda Barbosa e Vitória Oliveira
- 2 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 28 de jan.
Atualmente, as Pipocas Maná são Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro

Com mais de 30 anos desde seu lançamento, as Pipocas Maná viraram “febre” nas redes sociais por conta dos sabores inusitados e criativos, como o de contrafilé, carne seca e camarão frito. Para o proprietário e pipoqueiro Adenilson Félix de Lima Santos, de 49 anos, o comércio do lanche é um motivo de orgulho e reviravolta.
Entre os anos de 1994 e 1995, após o pedido de devolução da barraca alugada pelo dono, Adenilson viu esperança de contornar a situação e não se prejudicar financeiramente com a compra da sua própria barraca.
“Eu não tinha nada e nesse ano de 94, 95, eu comprei uma barraquinha pequena que era dali mesmo da [rua] Evaristo da Veiga. Ali tinha um ponto de ônibus. Eu botei a barraquinha e devagarinho nós fomos botando cada sabor”, explica o pipoqueiro.
Com o tempo, ele se aventurou na criação de sabores inusitados para dar um diferencial ao produto. Hoje, com um cardápio que faz sucesso não somente nas redes sociais, mas principalmente entre os cariocas, as Pipocas Maná não fazem sucesso apenas entre os amantes de pipocas.
“Eu amo pipoca. Eu acho que isso dá facilidade de juntar os sabores com a pipoca. As pessoas perguntam: ‘está enjoado de pipoca?’, eu digo: ‘eu não!’. Final de semana eu fico doido para comer uma pipoca. Pipoca é vida!”, brinca Adenilson.
O nome “Pipocas Maná” tem significado. Sendo um homem que muito expressa sua fé, Adenilson declara uma primeira explicação sobre o título da barraquinha: “Deus colocou esse nome”, destaca Adenilson. O pipoqueiro continua, apontando que “o significado é providência de Deus. A providência que Deus mandou para o povo no deserto em forma de comida”, relata.
Pipoca com sabores inusitados
Dentre as opções, é possível destacar alguns sabores mais familiares, como o de bacon, mas o público consumidor desvenda uma mistura nunca antes experimentada ao se deparar com sabores como: camarão frito, queijo, calabresa, contra filé e carne seca. Ainda há as pipocas doces de Nutella, Ninho, Negresco, Ovomaltine, churros, beijinho, paçoca, confete; com gotas de chocolate, com leite condensado e com doce de leite.
Essa descoberta despertou a curiosidade de jornalistas há pelo menos dois anos, quando se tornou pauta de reportagem da TV Brasil, em 2022. Atualmente, tem feito o mesmo sucesso, mas agora em formato de vídeo informativo, acelerado e convidativo na plataforma digital TikTok. O grande sucesso das pipocas dentro e fora das redes sociais tem aumentado o número de pessoas que produzem avaliações da qualidade do lanche. O “hype” das Pipocas Maná chama a atenção dos cariocas e amantes do produto, que fazem filas para viver a experiência.
Adenilson Lima explica que, no total, há seis pontos de venda no Rio: três no Centro, um em Madureira e outro em Bangu, ambos na Zona Norte da cidade. Com aproximadamente 50 quilos de milho estourados por dia, o pipoqueiro e sua esposa Monique Coelho, de 38 anos, se aventuram na hora de desenvolver os sabores. Com uma Linha Kids — na qual oferecem brindes para o público infantil —, eles garantem valores acessíveis e até mesmo a entrega a domicílio.
Parceria no trabalho e no amor
De acordo com Adenilson, a parceria com sua esposa foi um dos propulsores para que as Pipocas Maná conseguissem conquistar tamanha notoriedade. Envolvido em imensa gratidão, ele não deixa de citá-la no trabalho em equipe.
“Ela tem me ajudado muito. Muitos sabores foi ela, quando chegou na minha vida, que colocou [no cardápio]. E estamos crescendo juntos”, declara.
Além de seu empenho na venda de pipocas se justificar pela transformação de renda, ele afirma que isso é um facilitador, já que é um alimento muito apreciado por ele. Segundo o pipoqueiro, ele e Monique só fornecem as novas opções após avaliação, testes e aprovação final.
O sucesso nas redes sociais
Com a uma boa recepção do público digital, o sucesso das Pipocas Maná faz com que diversas pessoas se desloquem de diferentes localidades para experimentar o lanche. Na plataforma Instagram, o perfil do comércio acumula mais de 70 mil seguidores.
“Foi uma surpresa quando pessoas chegaram falando: ‘é a pipoca do TikTok!’, e nós nem sabíamos. Isso foi chamando a atenção de outras pessoas a fazerem outros vídeos. Eu lembro do primeiro blogueiro que apareceu lá. Eu não o conhecia e ele falou assim: ‘olha, já postei o vídeo da pipoca. Olha aí o seu Instagram e vai ver o número subir’ e eu nem acreditei!”, relembra Adenilson.
De acordo com o levantamento intitulado “Transformação Digital nos Pequenos Negócios”, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a cada dez empreendedores, sete utilizam as redes sociais. A pesquisa mostra que 70% dos comerciantes utilizam o recurso para a venda de produtos.
O que diz quem consome?
Alice Lichotti, de 22 anos, explica como conheceu a famosa pipoca. De acordo com a estudante de Jornalismo, sua mãe chegou com dois sacos recheados de pipoca, afirmando que havia comprado em uma barraca famosa na Cinelândia. Ela detalha que sentiu diferença na qualidade do lanche nas distintas ocasiões em que experimentou.
“A minha mãe foi a primeira pessoa a me falar das Pipocas Maná. Experimentei duas vezes. A primeira vez que comi, achei a pipoca mais gostosa. Até hoje só comi a de bacon e a doce, e achei a salgada melhor. A segunda experiência não foi tão boa, achei a pipoca normal”, destaca a estudante.
Para Alice, apesar dos sabores criativos, a pipoca é gostosa, mas comum. No entanto, a estudante detecta pontos-chaves ao falar sobre o sucesso do lanche.
“Eles fazem um trabalho muito bacana no que tange ao atendimento ao cliente e na criatividade de sabores. A originalidade traz uma curiosidade que faz a gente enfrentar uma fila enorme só para provar. E na parte de experiência ao cliente, tem atendentes bem simpáticos e educados, e também um saquinho personalizado que a gente não costuma ver por aí. Além, é claro, do custo benefício: a pipoca mais barata vem uma quantidade ótima e bem recheada”, relata Alice.
A estudante opina que as redes sociais são uma ferramenta importante para auxiliar o comércio popular a crescer. “Acredito que isso pode ser uma faca de dois gumes, um vídeo positivo que viraliza pode ajudar o lugar a bombar, assim como um vídeo falando mal pode afundar o restaurante”, aponta a estudante de jornalismo.
Pipocas Maná é patrimônio imaterial do RJ
Em 2023, a partir do projeto de lei número 2.166 – de autoria dos vereadores Marcelo Arar (Agir), Marcio Ribeiro (PSD), Luciana Boiteux (PSOL) e Mônica Cunha (PSOL) – a Câmara Municipal do Rio de Janeiro decretou patrimônio cultural e imaterial carioca às Pipocas Maná.
Em entrevista, Adenilson Lima retoma na memória o tempo em que sofreu problemas nas vendas na calçada da Câmara.
Ele afirma que tinha autorização da Câmara para trabalhar com a barraquinha na calçada, mas, certo dia, impediram que ele trabalhasse com ela. Ao saberem disso, os consumidores saíram em defesa de Adenilson. Entre eles, havia vereadores e deputados que ligaram para a Prefeitura do Rio, para a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e conseguiram devolver a barraca. “Hoje é patrimônio imaterial do Rio de Janeiro”, relembra o pipoqueiro.
Segundo o Instituto Rio do Patrimônio da Humanidade e a Prefeitura, as Pipocas Maná são consideradas o melhor comércio na venda de pipocas pelos consumidores.
Publicado por: Matheus Rogers