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Montanhismo surge como opção acessível para quem gosta de esportes radicais

  • Gabriel Maria e Guilherme Rezende
  • 8 de jan.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 19 de jul.

Para todas as idades, a prática esportiva em montanhas atrai quem quer conciliar atividades físicas, diversão e natureza


A prática de esportes sempre foi parte fundamental de uma boa saúde. As modalidades mais comumente praticadas são vôlei, futebol, basquete, caminhada e outras tantas. Mas, nos últimos anos, vem crescendo o interesse do público em geral por esportes radicais, como o montanhismo. 


O montanhismo é uma prática esportiva que se caracteriza pela ascensão em montanhas e elevações rochosas, em diferentes graus de dificuldade e tempos de duração. Suas técnicas foram utilizadas mais recentemente nas Olimpíadas de Paris, em 2024, para outro esporte, a escalada. A modalidade que é frequentemente confundida com o montanhismo é o alpinismo, que na verdade é o ato de escalar uma montanha, usando para isso equipamentos e conhecimentos técnicos. Apesar disso, ambos os esportes conversam bastante, já que às vezes é necessário escalar para chegar ao local esperado.


Primeiros passos


Subir uma montanha, para um iniciante, pode parecer difícil ou intimidador. Mas, com preparo e os equipamentos certos, é possível explorar e conhecer mais essa atividade. 


O montanhismo engloba outras práticas esportivas dentro dele, sendo o hiking, trekking e a escalada, que também podem ser feitas de maneira independente. O primeiro é a atividade de caminhar em trilhas quando a ida e a volta acontecem no mesmo dia. Muitos cumes de montanhas podem ser atingidos desta forma, mas a prática também pode ser realizada em outras paisagens naturais, como praias, desertos e florestas.


(O montanhismo explora também a natureza / Foto: Acervo pessoal Guilherme Rezende)
(O montanhismo explora também a natureza / Foto: Acervo pessoal Guilherme Rezende)

O trekking é semelhante ao hiking. O termo é utilizado quando há pernoite em abrigo ou camping durante a trilha. Ele exige maior condicionamento físico, uma vez que é necessário carregar mais peso devido aos equipamentos de camping. Uma mochila média para pernoitar pesa em torno de 15 kg, mas quando a logística envolve levar suprimentos para mais dias ela poderá passar dos 30 kg.


Por fim, a escalada é o termo utilizado quando há alguma inclinação que torna a ascensão mais vertical, exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos, como cabos de aço, escadas e pinos metálicos. Hoje, a escalada ganhou popularidade a ponto de criar uma identidade própria, sendo praticada no formato indoor ou em afloramentos rochosos onde o objetivo não é o cume, mas a dificuldade em si.


Afinal, como de fato começar no montanhismo?


Começar em um novo esporte, ainda mais sendo radical e tão diferente do comum, desperta várias dúvidas e receios dos praticantes.


(Laura é praticante de montanhismo e já explorou diversos cenários naturais do Rio de Janeiro / Foto: Acervo pessoal Laura Stolze)
(Laura é praticante de montanhismo e já explorou diversos cenários naturais do Rio de Janeiro / Foto: Acervo pessoal Laura Stolze)

A acessibilidade do montanhismo permite que qualquer pessoa que tenha vontade de andar e estar imerso na natureza possa entrar no esporte. A mestranda em física e aspirante a guia de montanhismo, Laura Stolze, 24 anos, entrou no mundo da exploração de montanhas por meio de um amigo. “Foi o meu amigo Daniel que ficou sabendo desse clube de montanhismo com sede no Largo do Machado. A professora dele falou para ele. Aí ele falou para mim e a gente foi fazer uma excursão que foi um treinamento para escalada lá no Morro da Urca, Zona Sul carioca, no dia das eleições no segundo turno. Foi emocionante”, conta Laura.


Durante a pandemia, Laura morou com sua família em um sítio e lá foi capaz de explorar e abrir novos caminhos em trilhas. Essa experiência fez com que ela se aproximasse mais da natureza, conhecendo os morros e a geografia da região, e assim  buscasse por mais situações parecidas quando voltou à cidade do Rio de Janeiro.


Dessa forma, a aspirante a guia conheceu o clube de montanhismo União de Caminhantes e Escaladores Rio de Janeiro (Unicerj), localizado no Largo do Machado, Zona Sul do Rio de Janeiro. Juntar-se a um clube pode facilitar ainda mais a acessibilidade do esporte. “Eu comecei como estudante de graduação, com muito pouco dinheiro, mas os guias estão lá para te ajudar, te emprestar material, te dar carona e te indicar o caminho. Então, todas as excursões são muito acessíveis”, comenta Laura.


(Laura enfrenta os mais diversos desafios na prática do montanhismo/ Foto: Acervo pessoal Laura Stolze)
(Laura enfrenta os mais diversos desafios na prática do montanhismo/ Foto: Acervo pessoal Laura Stolze)

Além disso, a idade e o sedentarismo não são impeditivos para começar a escalar montanhas. No seu tempo de escalada, Laura conheceu algumas pessoas começando no montanhismo com idade mais avançada e que não eram fisicamente ativas. “Em termos de fôlego, em termos de idade, em termos de tudo, você pode ser supersedentário, já ser muito velho e começar a escalar velho. Vários guias no clube começaram a escalar com 50 anos de idade.


Perigos e dificuldades


Uma atividade extrema como o montanhismo oferece também certos perigos extremos. Por ser praticada ao ar livre, e geralmente associada a paisagens naturais com desníveis e relevo acidentado como morros, montanhas, colinas e outros, o esporte traz dificuldades aos seus praticantes quando há mudanças climáticas repentinas ou falha de algum equipamento.


“Os riscos são vários, né? Posso falar de um determinador comum que é a questão do mau tempo. Aqui na região Sudeste, o maior perigo real é chuva de elétrica, a tempestade elétrica”, comenta Laura sobre o tempo instável na nossa região.


Porém, ela ressalta que apesar de esses fatores externos influenciarem a prática da atividade, muitos dos acidentes acontecem por falha humana, seja nas técnicas de escalada, seja no uso dos equipamentos: “Você precisa saber muito bem o que você está fazendo, e a maior parte da fonte de erros da escalada é por erro humano, então assim você aprende a confiar nos equipamentos. Você está comprando os equipamentos no lugar certo? Sabendo de onde eles vêm? Sabendo da idade deles, quanto tempo foi usado?”


Montanhismo e a ecologia


Como parte integrante da natureza em sua prática, quem opta pelo montanhismo deve estar ligado a diversas regras e normas ao seu redor. Ao adentrar parques e reservas ecológicas, por exemplo, o praticante deve conviver em harmonia com todo o ecossistema ao seu redor, respeitando o espaço de animais e plantas. Dentre algumas recomendações, estão:

  • Não perturbar aves ou qualquer outra vida selvagem.

  • Ajudar a proteger as flores e respeitar locais de interesse científico de qualquer natureza.

  • Evitar ações desnecessárias que possam causar erosão (como cortar atalhos em trilhas) e evitar deixar marcas desnecessárias de qualquer espécie.


A responsabilidade do montanhista para com a natureza é parte fundamental da sua conduta. O código de ética da Federação dos Esportes de Montanhas do Estado do Rio de Janeiro (Feemerj) destaca em diversos artigos essa importância, sendo o primeiro deles: “Zelar pelas montanhas e seus acessos, promover o mínimo impacto ambiental, escalar e caminhar com responsabilidade.”


Nas suas explorações nas montanhas, Laura já teve que estar atenta à sua responsabilidade diversas vezes. Baseada no lema da Unicerj, “Montanhismo amador, solidário, ecológico e não competitivo”, a aspirante a guia leva os cuidados com a natureza para todos os lugares. “O clube entende a ecologia com o ser humano dentro dela. Então, a ideia de isolar uma parte de um parque ou reserva ambiental para não deixar entrar pessoas é contra o que o clube defende. Para nós, a ecologia tem que ser pensada com o ser humano incluído e isso faz a gente se responsabilizar. A pessoa vai ter que saber onde ela está e, portanto, fazer as práticas ecológicas inseridas naquele território”, defende Laura.


Publicado por: Guilherme Rezende


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Faculdade de Comunicação Social | Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)

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