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Falta de espaços culturais na Freguesia limita acesso àarte e convívio comunitário

  • Pedro Athayde
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

Opções são escassas e pouco acessíveis para moradores da região



Foto: Pedro Athayde
Foto: Pedro Athayde

A Freguesia, bairro tradicional de Jacarepaguá, é conhecida por suas ruas arborizadas e

clima de tranquilidade, mas esconde um problema que afeta diretamente a qualidade de

vida de seus moradores: a falta de espaços culturais públicos e acessíveis. Em uma região

marcada pelo crescimento imobiliário e comercial, a cultura vem perdendo espaço — e isso

tem consequências sociais profundas.


Hoje, a maioria das atividades culturais disponíveis na Freguesia acontece em escolas

particulares, academias ou igrejas, que não são acessíveis a toda a população. Centros

culturais, teatros ou casas de arte públicas praticamente inexistem na região. Para assistir a

uma peça, participar de uma oficina de dança ou frequentar uma roda de samba, muitos

moradores precisam se deslocar até bairros vizinhos, como Méier, Madureira ou até mesmo

Centro.


A professora de artes visuais Luciana Gomes, moradora da região há mais de 20 anos,

lamenta a falta de opções. “A gente vê muito talento nas crianças e nos jovens daqui, mas

não há espaços para eles desenvolverem isso. O bairro cresceu, mas a cultura ficou

esquecida”, afirma.


Em uma de suas entrevistas, Leonel Brizola, ao comentar sobre o desmanche dos CIEPs,

escolas que criou em conjunto com Darcy Ribeiro, deixa bem claro que, quanto mais as

crianças forem apresentadas a peças culturais, mais bem colocadas na sociedade estarão,

tendo a possibilidade de se manter distante da criminalidade, por exemplo. Por mais que

isso ocorra em áreas mais carentes da cidade, é possível fazer um paralelo com a área da

Freguesia e sua falta de acesso à cultura, confirmando que as crianças poderiam acessar

objetos culturais, para além de espaços privados ou até mesmo dentro de condomínios, prejudicando o desenvolvimento, o senso de sociedade e de pertencimento como cidadão

do local.


Outro problema é a falta de incentivo a artistas locais. Muitos grupos independentes de

teatro, música e dança acabam sem local adequado para ensaios ou apresentações. Por

mais que existam apresentações em certos bares, acaba ficando restrito a um público

específico. Conversamos com o músico Eduardo Queiroz, que confirma a dificuldade de

achar espaços para divulgar seu novo trabalho: “O planejamento acaba ficando

comprometido, a gente tenta pensar em fazer algo em retorno para o nosso bairro, tentando

reunir amigos e família para curtir o novo álbum, mas as restrições de espaços por aqui por

perto acabam afastando muita gente que poderia curtir e prestigiar esse lançamento.”


Enquanto isso, bairros próximos como Madureira, Campo Grande e Realengo têm

conseguido movimentar a cena cultural com iniciativas de base comunitária, como rodas de

samba, coletivos de teatro e projetos de ocupação de espaços públicos. A diferença,

segundo artistas da região, está na organização social e no apoio institucional — algo que a

Freguesia ainda busca construir.


Para os moradores, a esperança é que a cultura volte a fazer parte do cotidiano local. “A

gente quer ver nossos filhos crescendo com acesso à arte, ao teatro, à música. A Freguesia

é um bairro lindo, mas ainda precisa aprender a valorizar o que faz parte da alma de

qualquer comunidade: a cultura”, resume Luciana.


Redator: Gabriel Gatto

Faculdade de Comunicação Social | Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)

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