Eleições do COB têm vitória da oposição pela primeira vez na história; veja o que muda
- Beatriz Serejo e Maurício Luz
- 2 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de dez. de 2024
Marco La Porta assumirá a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro a partir de janeiro de 2025, após disputa polêmica
Marco Antônio La Porta foi eleito presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), em disputa ocorrida no início de outubro. Ele superou o atual presidente, Paulo Wanderley Teixeira, por 30 votos a 25. Esta é a primeira vitória da oposição em mais de 100 anos de existência do Comitê.
Pelos próximos quatro anos, a partir de 2025, La Porta terá o desafio de instruir e preparar o Time Brasil para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Para isso, conta com um orçamento que supera os 250 milhões anuais.
Apesar de adversários no pleito, o presidente-eleito era vice do atual mandatário até março deste ano. La Porta deixou o cargo no prazo limite para poder concorrer à presidência do COB, por conta de divergências com o então aliado. Entre estas, o entendimento de que Wanderley sequer poderia concorrer à reeleição.
Quem é Marco Laporta?
Marco La Porta atualmente é coronel da reserva, após ter servido o Exército por 30 anos. O presidente eleito do COB se formou em Educação Física na Escola do Exército e, posteriormente, fez mestrado em Ciência da Motricidade Humana na Universidade Castelo Branco. Além disso, seu currículo conta com cursos de especialização em treinamento esportivo na Universidade Gama Filho.
Após deixar a vida militar, La Porta se tornou treinador de triathlon. Enquanto vice-presidente da Confederação Brasileira da modalidade, chefiou a equipe brasileira nas Olimpíadas de Londres e Rio de Janeiro, em 2012 e 2016. Em 2017, foi eleito presidente da entidade, um ano antes de chegar ao posto de vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.
A polêmica candidatura de Paulo Wanderley
Antes da histórica vitória da oposição, a disputa pelo comando do Comitê Olímpico Brasileiro já dava o que falar. Wanderley assumiu a presidência em 2017, quando o então mandatário, Carlos Nuzman, foi deposto por escândalo de corrupção. Em 2020, Paulo foi eleito presidente e iniciou seu segundo mandato.
Pelas atuais regras do COB, o presidente em exercício só pode tentar a reeleição uma vez. Este foi o argumento defendido por La Porta contra a candidatura de Wanderley. Do outro lado, o atual dirigente alegou que seu primeiro mandato, de 2017 a 2020, foi um “mandato-tampão”, e portanto a vitória há quatro anos não configura uma reeleição. Por sua vez, o Conselho de Ética deu razão ao candidato da situação.
O atual presidente convidou a medalhista olímpica Yane Marques, de 40 anos, para a vice-presidência de seu mandato. A atleta foi bronze nas Olimpíadas de Londres de 2012 e coleciona três medalhas nos Jogos Pan-Americanos e duas em mundiais. Yane se tornou a primeira mulher a chegar na cúpula da gestão do esporte brasileiro e assumirá o comitê a partir de janeiro.
O que muda com a nova gestão?
Apesar de La Porta ter trabalhado anteriormente como vice-presidente de Wanderley, ele indicou discordâncias significativas na abordagem de seu antecessor. Durante a campanha, o novo presidente criticou a falta de continuidade nas políticas de desenvolvimento esportivo no ciclo de Paris. Quem ajuda a entender as divergências entre a atual e futura gestão é o repórter do Lance! Pedro Werneck, que cobriu de perto as eleições do COB.
— La Porta afirmou que os dois candidatos tiveram discordâncias durante a gestão. Apesar de elogiar muito do que foi feito por Paulo Wanderley, o futuro presidente questiona algumas decisões, como as mudanças na gestão técnica do esporte no meio do ciclo para Paris. É bastante provável que mudanças aconteçam — comenta Werneck, que segue:
— La Porta reforçou que tem uma preocupação com o futuro do esporte brasileiro e que pretende pensar em uma gestão a longo prazo, visando às Olimpíadas de 2032. Além disso, o próximo presidente já alertou que deve fazer uma revisão do estatuto do COB, prevista para acontecer a cada dois anos. Segundo ele, a última revisão foi ignorada por Paulo Wanderley — completou.
O repórter também afirmou que o resultado dessa eleição pode ser positivo para o relacionamento e o diálogo entre o Comitê e atletas e ex-atletas. Não à toa, La Porta tem como vice-presidente Yane Marques, de 40 anos. Bronze nas Olimpíadas de Londres de 2012 no pentatlo moderno, ela se tornou a primeira mulher a fazer parte da cúpula da gestão do esporte brasileiro..
— Uma das grandes promessas da chapa eleita foi o diálogo mais próximo com atletas e ex-atletas. Essa pauta foi repetida exaustivamente pela futura vice-presidente, Yane Marques, que fazia parte da Comissão de Atletas desde 2012 e chegou a presidir a entidade. Como dito anteriormente, foram os membros da comissão que decidiram o resultado da eleição. Então, é de se imaginar que tais esportistas cobrem maior participação — explicou Pedro.
Confira abaixo todos os membros eleitos para o Conselho de Administração do COB:
Felipe Tadeu Moreira Lima do Rêgo Barros (Handebol)
Radamés Lattari Filho (Voleibol)
Rafael Girotto (Canoagem)
Jodson Gomes Edington Junior (Tiro Esportivo)
Karl Anders Ivar Pettersson (Desportos na Neve)
Flavio Cabral Neves (Wrestling)
Flavio Padaratz (Surf)
Daniela Rodriguez de Castro (Membro independente)
Publicado por: Ana Luiza Andrade