Apoio a Bolsonaro persiste, apesar das condenações na Justiça
- Christian Domingues e Gabriela Feliciana
- 22 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de nov.

Mesmo condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, Jair Bolsonaro (PL) segue sendo o principal nome da direita brasileira. Inelegível até 2030, o ex-presidente ainda detém 45% do eleitorado do campo conservador, segundo pesquisas recentes.
Condenação não abala o núcleo bolsonarista
Desde 2018, o bolsonarismo consolidou-se como uma das principais forças políticas do país, ancorado na figura de Bolsonaro e em um discurso de enfrentamento às instituições e à esquerda.
Sua condenação, contudo, não provocou debandada significativa entre apoiadores. Pelo contrário: manifestações em redes sociais e atos públicos indicam que parte da base interpreta o julgamento como perseguição política, reforçando o sentimento de lealdade.
Analistas apontam que esse tipo de apoio, resistente a decisões judiciais e escândalos, cria um ambiente em que Bolsonaro, mesmo fora das urnas, mantém papel central como “fiador” ideológico e emocional de seu grupo.
Um movimento sem líder claro
A sucessão dentro da direita permanece indefinida. Os filhos de Bolsonaro tentam capitalizar a herança política do pai, mas enfrentam limitações próprias. Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mais moderado, busca construir pontes com o centro político, o que desagrada parte da base mais radical.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) mantém presença forte nas redes e no discurso ideológico, mas ainda carece de projeção nacional. Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) segue restrito à política do Rio de Janeiro e ao comando das estratégias digitais.
Sem um nome com apelo popular e alcance nacional comparável, o movimento se fragmenta entre grupos que disputam a narrativa e o controle do engajamento.
Governadores entram no tabuleiro
Fora do núcleo familiar, governadores e aliados emergem como potenciais substitutos. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é apontado como o herdeiro mais próximo do bolsonarismo tradicional, unindo perfil técnico, discurso conservador e apoio do empresariado. Romeu Zema (Novo-MG), que já lançou oficialmente sua candidatura à Presidência, aposta em um tom mais moderado e em um discurso de eficiência administrativa.
Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), com trajetória consolidada e imagem de político pragmático, tenta atrair o eleitorado mais conservador do agronegócio e da classe média. Ratinho Jr. (PSD-PR), por sua vez, busca se posicionar como nome de conciliação, com boa popularidade e discurso voltado à gestão. Michelle Bolsonaro também é vista como possível alternativa, especialmente entre o público evangélico e o eleitorado feminino conservador, embora sua viabilidade política ainda divida o PL.
A multiplicidade de nomes revela um cenário de disputa intensa, mas sem um consenso capaz de reproduzir o carisma e a mobilização que Bolsonaro exercia.
Redes sociais e o desafio de manter engajamento
As redes sociais continuam sendo o principal instrumento de mobilização da direita, vemos isso com a atuação de deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG), que apostam em vídeos curtos, lives e postagens diárias para manter o público engajado.
Entretanto, especialistas observam que a ausência de Bolsonaro reduz a coesão digital do grupo. Sua presença centralizava a atenção e servia de eixo para a comunicação, algo difícil de replicar por outros nomes.
Sem essa figura de referência, a disputa por protagonismo on-line tende a se intensificar, com líderes fragmentando o engajamento e disputando públicos semelhantes.
O futuro da direita em reconstrução
A condenação de Jair Bolsonaro impõe um novo desafio estratégico à direita brasileira: equilibrar a lealdade ao ex-presidente com a necessidade de renovação.
O sucesso desta transição dependerá da capacidade das novas lideranças de transformar popularidade em projeto político e discurso de governo.
Enquanto isso, Bolsonaro continua sendo o principal filtro pelo qual passam alianças, candidaturas e decisões do campo conservador.
Em última instância, o destino da direita pode depender menos de quem herdará o legado bolsonarista e mais de como o movimento conseguirá se reinventar diante de um cenário político em rápida transformação.
Publicado por Sara Pimentel
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