A chacina política e a falência da segurança de direita no Rio
- Alice Rodrigues e Nicole Galvão
- há 4 dias
- 2 min de leitura
Com mais de 120 mortos, megaoperação escancara o uso político da violência e o colapso de uma política de segurança baseada na militarização e na negligência social
A megaoperação realizada no Complexo do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 28 de novembro, consolidou-se como a operação mais letal da história do estado do Rio. Com mais de 120 mortos, a vida do trabalhador foi completamente exposta por conta de um governo que prioriza táticas militaristas e a propagação do medo em detrimento de soluções sociais. A irresponsabilidade do governador Cláudio Castro (PL-RJ), que posicionou contrário à PEC da Segurança Pública, expôs a ineficácia e o alto custo social de políticas pautadas na militarização, e transformou o que deveriam ser 100 mandados de prisão decretados em apenas 20 efetivamente cumpridos, em meio a um projeto de poder à base de sangue.
A Operação Contenção mobilizou um efetivo massivo de 2,5 mil policiais, que foram prova de um fracasso estratégico. O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, mais conhecido como Doca, o principal chefe do Comando Vermelho, segue foragido. Enquanto isso, os números cruéis, sendo 117 suspeitos mortos, além de quatro policiais demonstram que a prioridade foi a violência, e não a estratégia de segurança eficaz.

O clima de insegurança por conta da violência da operação não se restringiu ao confronto direto. Um cenário de caos, medo e dificuldades se fez presente durante toda a terça-feira (28). A vida do trabalhador carioca, refém e vítima da situação, foi paralisada, com o colapso logístico dos transportes públicos, principalmente os ônibus, com 71 deles sendo usados como barricadas pelo CV. Isso fez com que milhares de cidadãos exaustos tivessem que andar quilômetros a pé para voltar para casa.
O governador, de direita, após ter se posiconado de forma contrária à medida que buscava integrar a segurança federal com a estadual, clamou por ajuda federal. A tática de segurança do estado, focada em operações como essa, não resolve o problema, apenas semeia mais violência.
É urgente a necessidade de investir em cultura, lazer, educação e oportunidades nas favelas. É por meio de mudanças como essa que crianças e adolescentes param de idealizar a vida do crime. Enquanto a violência policial matar 117 suspeitos em uma única ação e os políticos que comandam essa engrenagem de violência se protegerem em condomínios de luxo, o sangue do povo, incluindo os quatro policiais mortos, estará na conta do governador. Apoiar esse massacre é ser condizente com a perpetuação de um ciclo de violência, que se mostra, a cada novo recorde de morte, desumano.
Publicado por Camily França.
.png)




